Cabelos
negros, sedosos, razoavelmente compridos, olhos cor de mel pendendo para
castanho, pele macia e bem tratada, sorriso e expressões faciais hipnotizantes.
Estonteante. Talvez assim se defina a beleza daquela garota. Talvez. Se não for
exatamente isso, é um algo um pouco mais intenso. Bem mais intenso.
Muito
intenso também era o sentimento que ela despertava naquele rapaz. Ele fazia mil
planos de como agir em sua presença, ali, todos os dias, naquele ambiente.
Porém, sempre que era para executar o que foi anteriormente arquitetado,
acabava por fazer tudo diferente. Surpreendia a si mesmo. Surpreendia a ela.
Travavam longos papos sobre diversos assuntos...
Os dias
passavam, e ele não sabia como agir para que conseguisse o que queria, por ter
o máximo cuidado para não arruinar o que já havia construído, para não regredir
no caminho que já havia percorrido. Ele, estranhamente, sentia-se tão próximo e
tão distante dela, ao mesmo tempo.
Certo dia,
percebeu que não haveria chances de alguma coisa acontecer se não falasse com
ela o que sentia. Além de dizer tudo o que estava preso consigo há tempos, foi
além: a beijou. Num primeiro momento, ela quis se afastar, assustada que ficou,
não esperava por aquilo, mas retribuiu o carinho. Pediu um tempo a ele, para
que pudesse refletir sobre a forma como as coisas aconteceram, muito
rapidamente, e que daria um retorno assim que chegasse a uma conclusão,
qualquer que fosse. O rapaz aceitou, apesar de saber que seriam tempos
angustiantes esses de espera.
A
primeira semana passara sem que ela aparecesse por lá, permitindo-o pensar em
mil e uma possibilidades negativas. Cogitou a hipótese de entrar em contato,
mas preferiu mesmo esperar.
9, 10
dias... Não ligava, não aparecia... Enquanto isso, o rapaz apenas escrevia,
tocava e cantava (era uma forma de fazer o tempo passar mais rápido. Contudo,
sem esquecê-la por um minuto que fosse).
14
dias... Completaram-se exatas duas semanas. Ele estava deitado, nem dormindo,
nem acordado. Duas e quinze da madrugada. Toca seu celular. Ele atende. Era
ela. Voz doce, suave, delicada como a dona... Queria encontrá-lo na manhã do
dia seguinte. Ficou extremamente animado, mas não se levantou.
Passaram-se
mais algumas horas, novamente seu celular toca. Dessa vez, não era ninguém,
apenas o despertador. Aturdido, abriu os olhos. Sentada à beira da cama, a
observá-lo, estava ela. Levantou-se, ainda mais confuso. Para ter certeza de
que aquilo era verdade, a tocou, a beijou, a amou novamente, como aquela vez,
no sonho.